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E desde quando é normal fazer de conta que a gente não sente?

  • Foto do escritor: Isadora Ferrari
    Isadora Ferrari
  • 23 de abr.
  • 2 min de leitura

A razão serve à sensibilidade, e não o oposto! Eu gosto muito de pensar que nossas sensações são como os bigodes de um gato: sensores do ambiente ao nosso redor e trazem charme pra nossa vida... Também é bonito chamar de bússola, ou de bat-sentido, ou de sentido-aranha.


Às vezes está escuro, silêncio, sem muitas referências explícitas sobre o que é possivel fazer, mas tem a sensação: aquele aperto, desconforto, aquela preguiça que segura no lugar, ou ainda... aquele quentinho, a leveza, a tranquilidade, a clareza, o fluir que faz sentido...


Percebeu que suas sensações te contam sobre o contexto? Legal né? Por isso é tão importante entender como a gente sente. O combo de perguntas do "guia na floresta" sempre é: O que eu sinto? Por que eu sinto? É o que ajuda a entender a relação entre a nossa sensação e o contexto, ao invés de deixarmos apenas para um juízo de valor sobre o que sentimos ser certo ou errado.


Milhares de anos trabalhando pra refinar sua bat-percepção e você aí, fazendo de Monalisa, que não ri, não chora, não reclama, não sabe se tem gases ou cócegas... ignorando um pacote preciosíssimo de informações do seu corpinho e se mantendo em situações de desconforto, ou ainda, perdendo possibilidades de viver coisas legais.


Aprender a sentir é precioso porque descortina dimensões da vida que não nos autorizam viver. Dá medo de se perder, de não ter controle e não ter fim. Talvez nas primeiras vezes isso realmente aconteça, afinal nos falta treino, uma certa proteção e segurança... Mas o sentir é nosso, não do outro.. o sentir é uma habilidade do nosso corpo, é um poder do nosso organismo - para nossa proteção e nosso prazer. Não cabe ao outro julgar nem decidir se o que sentimos é certo, é bom, porque é no mundo dentro da nossa pele.


Acho que cabe também dizer que quando eu aprendo a sentir, eu tiro do outro o poder de escolher por mim, e me torno senhora das minhas ações. Aprendo a me situar na minha profundidade, a nadar nesse meu oceano e deixo de ter medo de me afogar numa coisa que é o meu ambiente. A regra do meu sentir é só minha, não é para ferir ninguém. Uma vez que eu aprendo a me deslocar nesse mundo, eu não mais ignoro: eu me guio. É por isso que o bigode de gato é um sensor tão charmoso.. ele traz o roteiro da viagem.


Não é normal fazer de conta que a gente não sente.. Primeiro porque isso não existe, segundo porque isso dá poder a quem não deve ter poder sobre nós, terceiro porque nos afasta da beleza da nossa própria experiência. Ah, e mais primeiro do que o primeiro: nas condições que nos impõem, sentir, identificar, nomear e expressar são comportamentos de quem é muito inteligente e corajoso!




 
 
 

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2 comentários


Luis Fernando Toniollo Reis
Luis Fernando Toniollo Reis
23 de abr.

Muito bom o texto! Eu acrescentaria que aprender a sentir, e nomear os sentimentos, é uma habilidade treinável e não basta só a vontade para que alguém aumente esse contato.

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Isadora Ferrari
23 de abr.
Respondendo a

Verdade, Luis! Não brota do nada..

É que eu tenho percebido que as pessoas normalizaram fazer de conta que as coisas não acontecem, ou que elas não sentem as coisas. E me pego em inúmeras situações falando coisas que parecem simples, como se precissasse dar aval pra que aquela sensação pudesse acontecer. Daí tenho que dizer, por exemplo, que a pessoa está com raiva, e que é normal sentir raiva, e que ela não é ruim por sentir raiva... tem motivos pra sentir raiva... Nisso a pessoa já está em sofrimeto, não está percebendo e a vida ralando... misericórdia!

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